quinta-feira, novembro 11, 2004

PLURALISMO

Agradar a Gregos e Troianos. Este é um dos mais interessantes, e problemáticos, dramas da política e legitimidade democrática. Julgo que a questão essencial pode ser colocada assim: A sociedade política, as “forças vivas” que (estou a gozar com este termo, nunca percebi como se pode falar em forças mortas em política. É um daqueles termos banais, do Português barroco, que, infelizmente, persiste na nossa discursividade política) são, inevitavelmente, diversas. Podemos caracterizar esta multiplicidade de várias formas, mas não é isso que pretendemos aqui. Interessa-nos apenas salientar a natureza do problema que é o seguinte: como promover a legitimidade governamental e sistémica (atrave´s de politicas e da comunicação politica), no contexto de uma diversidade de valores, interesses, e tendências, crescente? Como resolver o problema da existência de valores incompatíveis, incongruentes, ou até antagónicos, na relação do estado com a sociedade? Seria presunçoso da minha parte presumir que a teoria política contemporânea oferece uma solução "quick fix" para este problema complexo. Este é, aliás, o problema-inspiração, de toda a filosofia política contemporânea. É este o problema vital das democracias liberais, a forma como lidam com uma complexidade cada vez mais difícil de integrar sob princípios universais (ver Iris Marion Young, teórica da “politics of difference). É, sem dúvida, um debate intelectual fértil. É particularmente fértil nas sociedades muito complexas, por razoes obvias. São as sociedades complexas que mais precisam de novos princípios de integração normativa. Correndo o risco de simplificar, podemos afirmar que o problema central , que persiste apesar da reiteração e rejuvenescimento dos mais variados modelos normativos é este: Podemos apelar a um universalismo que sirva de base à integração das muitas diferenças que constituem a problemática política. Este universalismo pode assentar, por exemplo, em princípios ou conceitos Kantianos de razão universal. O problema, contudo, é que apelar ou invocar conceitos universais da razão implica que nos afastemos do domínio da cultura que tende a ser, na política, um domínio particularizante ou particularista (podemos pensar na cultura como actividade expressiva e, por isso, universalista. Acredito nisto mas, infelizmente, esta “tese antropológica” é ignorada pela maioria das teorias políticas). Ou seja, podemos afrimar que somos todos iguais do ponto de vista de uma reflexividade moral mas, em termos concretos, os problemas políticos com os quais nos confrontamos tem a ver com negociações de valores culturais. Não podemos, por outras palavras, tapar o sol com a peneira. Não podemos apelar a um valor universal que ao ser implementado impeça a expressividade cultural. Entramos num terreno delicado que requer uma prudência extrema. Brian Barry, por exemplo, argumenta que o universalismo (igualitário) não é incompatível com o particularismo cultural. Este argumento é de certa forma plausível mas não lida, de facto, com a complexidade crescente. Outros teóricos, como Young, defendem que o universalismo liberal assenta sobre uma repressão da “diferença” dado que invoca categorias e raciocínios que não reconhecem a diversidade politico-cultural. Young, numa apresentação a que assisti, afirmou que o universalismo não pode ser constituído à custa da supressão do particularismo porque o particularismo é relevante para as vidas e as identidades dos indivíduos. No fundo, o que se passa aqui é algo de muito menos dramático. Os multiculturalistas defendem que o ideal liberal da tolerância seja ainda mais valorizado. Ou seja, que o reconhecimento, assuma a forma de um principio constitutivo. Se pensarmos na “politics of difference “ nestes termos, a dissonância ou antagonismo do universalismo versus particularismo começa a dissipar-se....para continuar, nem sequer toquei na ponta do iceberg


1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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8:09 PM  

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